sexta-feira, 11 de junho de 2010

Crônica e Filosofia

O telefone celular do psicólogo Paulo.
Por: Aichah e Isabel (3ºEM)

Durante a noite o telefone celular do renomado psicólogo, toca e o Doutor atende:

- Pois não?
-Olá, desculpe ligar agora, mas preciso falar com o senhor, na verdade, me consultar.
- Sim, e que horário estaria livre?
- Na realidade tem que ser agora.
- Agora? Não estou no me consultório.
- Eu sei, fui lá! Por isso te liguei. Só tenho umas palavras à dizer.
- Diga.
- Bom doutor, sofri durante anos, não conhecia coisas e me faltavam cores, o que quero dizer é que a dois anos realizei a cirurgia que recuperou minha visão. Não enxerguei durante 18 anos, o que me prejudicou muito, mas quero me consultar com o senhor pelo fato que chamo de “prefiro ser cego” , não sei como explicar, mas se resume em que quando eu era cego tinha luz e ao enxergar conheci a escuridão.
- Diga sobre o que sente...
- Bom, tudo começou quando, no hospital, conheci uma enfermeira especial, seu nome era Ana e ela deu-me uma atenção acima do esperado, o que me deixou muito feliz, pois fazia anos que ninguém me tratava assim, a não ser a minha mãe, além disso ela me segurava de um jeito que mamãe jamais havia me tocado, e gostei.
- Até aqui me parece ótimo, o que te aflige neste caso?
- Então, os encontros eram cada vez mais freqüentes dentro e fora do hospital... Ana sabia muito bem como tratar um ceguinho.
- Vejo que conseguiu quebrar a barreira do preconceito!
- É o que pensa, ela ganhava mais na relação, do que eu.
- Prossiga.
- Todos os meus sonhos pareciam estar se realizando: a cirurgia e Ana.
- E porque não foi assim?
- Uma semana antes da cirurgia, Ana não se sentia feliz por mim, pela gente. Não entendia finalmente eu ia conseguir olhá-la nos olhos e dizer que a amava.
- Sim, sim... Continue.
- Essa semana foi cheia de brigas, discussões e o que parecia um conto de fadas virou o primeiro capítulo da minha história de terror. O dia da cirurgia chegara e ao entrar na sala só conseguia pensar na loira de olhos claros que me esperava.
- Não entendo a parte ruim da história.
- É, para minha felicidade ou infelicidade a cirurgia foi um sucesso e a primeira coisa que fiz foi pedir para o doutor chamar minha Ana, foi o que ele fez e depois de alguns minutos chegaram três enfermeiras, nenhuma loira ou de olhos claros... Eu sentia um clima pesado no quarto, imaginei que Ana fosse a mais bonita, as outras teriam que nascer de novo para serem normais... Dei um sorriso para qual eu imaginei que fosse Ana, e em um reflexo a mais feia entre as três se afagou em um mar de lágrimas que só secou quando eu chamei de Ana e perguntei como estava.
- E o que aconteceu depois?
- Bom... Confesso que me decepcionei... Refleti sobre o que deveria fazer, por um lado Ana fora quem mais me ajudou, por outro lado sempre almejei ver novamente as coisas belas da vida e Ana não podia ser classificada como bela entende?
- Entendo claro... Você se viu numa situação onde teria que colocar o que sente em uma balança, mas qual dos lados pesou mais? A aparência ou a história que havia vivido até então?
- Bom, fiz o que qualquer homem apaixonado faria para que seu relacionamento superasse esta barreira, se é que posso dizer assim...
- A aceitou, mesmo com seus defeitos?
- Não, arranquei meus olhos.

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